Olá a todos!!
ESTE POST É SOBRETUDO DIRECCIONADO AOS MEUS 7 SEGUIDORES DESTE BLOGUE: eu agora tenho um novo blogue, onde me dedico nomeadamente à maquilhagem. O blogue é este: https://kikiworldfashion.blogspot.com Gostaria IMENSO que o continuassem a seguir!!!
Tento publicar lá todos, ou quase, todos os dias, faço vídeos lá..
Bem, era só isto que queria dizer.
Se conseguirem, não de esqueçça de SEGUIR O BLOGUE PFF!!!
Beijinhos. 😘😘
Minha historia ✩
domingo, 12 de novembro de 2017
domingo, 24 de agosto de 2014
7º capítulo
Quando cheguei
a casa decidi fazer uma pesquisa no meu computador. Quando abri o Google,
digitei aquela palavra.
Vampiro.
Quando os
resultados surgiram apareceram imensas coisas - tudo, desde filmes e series de
televisão a jogos de dramatização, música da pesada e empresas que produziam e
fabricavam cosméticos góticos.
Quando a
pagina abriu, fui saudada por 2 citações na pagina inicial: Em todo vasto mundo sombrio dos fantasmas e
dos demónios, nao existe figura tão terrível, figura tão temida e abomina, mas,
ao mesmo tempo, paramentada de um tal fascínio temeroso como o vampiro, que nao
é fantasma, nem demónio, mas que, todavia, compartilha das índoles tenebrosas e
possui os misteriosos e terríveis atributos de ambos. - Rev. Montague Summers.
Se existe, neste mundo, um relato
devidamente fundamentado, é aquele que se refere à existência dos vampiros.
Nada lhes falta: relatórios oficiais, atestados de pessoas de renome,
cirurgiões, sacerdotes, magistrados; a comprovação judicial está quase
concluída. E, com tudo isso, quem é que acredita em vampiros? - Rousseau.
Apenas 3
entradas é que me chamaram muito à atenção: o romeno Varacolaci, um poderoso morto-vivi que conseguia aparecer como um
belo humano de pele clara; o eslovaco Nelapsi,
uma criatura tão forte e veloz que podia chacinar uma aldeia inteira numa única
hora, logo após a meia noite; e um outro, o Stregoni
benefici.
Apenas havia
uma breve frase sobre este ultimo.
Stregoni Benefici: um vampiro italiano
que está do lado do bem e é um inimigo mortal de todos os vampiros malévolos.
Foi um alivio
aquela entrada, o único mito entre centenas que defendia a existência de
vampiros bons.
Velocidade,
força, beleza, pele clara, olhos que mudam de cor, e por fim os critérios do
Bruno: bebedores de sangue, inimigos do lobisomem, de pele fria e imortais.
Havia muito poucos mitos que correspondiam a um so sector que fosse.
Obriguei-me a
concentrar-me nas 2 perguntas fundamentais que exigiam uma resposta, mas fi-lo
com relutância.
Em 1° lugar,
tinha de saber se era possível que aquilo que o Bruno me tinha dito a respeito
dos Fernandes fosse verdade.
Imediatamente,
a minha mente replicou com uma retumbante resposta negativa. Era uma tolice e
uma morbidez albergar ideias de tal modo ridículas. Mas, entao, qual era a
explicação?
Ele parecia
adivinhar os pensamentos de todos os que o rodeavam... excepto eu. Disse-me que
era o vilão, que era perigoso.
Seria possível
que os Fernandes e os Costa fossem vampiros?
Bem, algo eles haviam de ser. Quer estivesse
relacionado com os frios que o Bruno
me tinha contado ou com a minha própria teoria do super-herói, o Rafael
Fernandes nao era... humano. Era algo mais.
O que eu iria
fazer se fosse verdade? - essa era a questão mais importante de todas.
Se o Rafael
fosse mesmo um vampiro - mal conseguia eu sequer pronunciar mentalmente as
palavras -, o que deveria fazer eu?
Implicar outra
pessoa estava fora de questão, certamente iria mandar-me internar.
No outro dia,
quando cheguei à escola estava ansiosa nao para vê-lo so a ele mas sim a todos
os Fernandes. Nenhum deles estava na cantina, quando chegou a aula de Biologia
senti uma nova onda de decepção ao verificar que ele nao estava. O resto do meu
dia passou lento e triste.
Decidi ir lá
para fora, para o pátio quadrado do meu pai, dobrei a colcha a meio, estendi-a
e deitei-me nela, acabando por adormecer.
Passado algum
tempo perdi a noção do tempo e quando reparei ja o meu pai estava a chegar a
casa.
-Desculpa pai,
o jantar ainda irá demorar um bocadinho, adormeci lá fora - disse, reprimindo
um bocejo
-Nao te
preocupes com isso filha, de qualquer forma queria ver qual era o resultado do
jogo. - afirmou ele
No dia
seguinte, a Jess conduzia mais depressa do que o meu pai (o chefe da polícia)
e, devido a isso, chegamos a Coimbra por voltas das 16h. Tínhamos ido lá para
irmos comprar os vestidos da Jéssica e da Angela para o baile.
-Nunca foste
sequer com um namorado ou algo do género? - perguntou-me a Jéssica num tom de
duvida quando entramos pela porta da frente da loja
-A serio -
tentei convence-la
Nunca tive um
namorado nem nada parecido. Raramente eu saía. - disse-lhe
-Porque nao? -
perguntou-me ela
-Ninguém me
convidava.
Ela parecia
céptica.
-Aqui ha quem
te convide para sair - relembrou-me a Jéssica - e tu recusas.
A variedade de
vestidos daquela loja nao era muito grande, mas cada uma encontrou qualquer
coisa para experimentar. Eu sentei-me numa cadeira baixa no interior do
gabinete de prova, junto do espelho de 3 faces.
A Jéssica
estava dividida por 2 vestidos: um comprido, sem alças, com o preto como cor de
base e um outro azul-eléctrico com alças fininhas, cujo o comprimento se ficava
pelos joelhos. Eu incentivei-a a optar pelo azul; porque nao jogar com a cor
dos olhos? A Angela escolheu um vestido cor-de-rosa pálido que caía lindamente
na sua estatura elevada e conferia cambiantes cor de mel aos seus cabelos
castanho-claros. Elogiei-as generosamente e ajudei-as a restituir os artigos
rejeitados às respectivas prateleiras.
Dirigimo-nos
depois para a secção de sapatos e acessórios. Eu apenas me limitava a dar a
minha opinião.
-Angela? -
disse eu
-Sim? -
respondeu ela enquanto esticava a perna, torcendo o tornozelo, de modo a poder
ter um melhor angulo de visão do sapato
-Gosto desses.
-Entao acho
que os irei comprar, apesar de nao condizerem com mais nada para além daquele
único vestido - reflectiu ela
-Oh,
compra-os, eles estão em saldo - incentivei-a
-Hm, Angela...
Ela ergueu o
olhar com curiosidade.
-É normal que
os... Fernandes estejam muitas vezes ausentes da escola? - eu mantive os meus
olhos nos seus sapatos
-Sim, é
normal. Quando o tempo está agradável, eles partem muitas vezes em viagem, com
a mochila às costas... ate o medico. São todos grandes adeptos do ar livre. -
revelou-me ela com grande tranquilidade, examinando também os seus sapatos
Ela nao fez
uma única pergunta, ao contrario do que poderia acontecer com a Jéssica, que
teria feito centenas delas. Eu estava a começar a gostar realmente da Angela.
Nós íamos
jantar a um pequeno restaurante italiano e entao disse-lhes que iria
encontrar-me com elas ao restaurante dentro de 1h. Eu queria encontrar uma
livraria.
Eu vagueei
pelas ruas calmamente. Um grupo de 4 homens, vestidos de uma uma forma
demasiado descontraída, mas bastante sujos, contornou a esquina para a qual eu
me dirigia. Quando se aproximaram de mim, apercebi-me de que nao eram muito
mais velhos que eu. Eu afastei-me o máximo que pude para o lado interior do
passeio de modo a dar-lhes espaço, caminhando rapidamente.
Um deles
consegui chegar perto de mim e segurou-me com força.
-Afaste-se de
mim - avisei-o num tom se voz firme e destemido
-Nao sejas
assim, meu docinho! - exclamou ele
Foi entao aí
que surgiram luzes de faróis na esquina e o carro quase atingiu o homem,
obrigando-o a recuar.
-Entra -
ordenou-me uma voz furiosa
Mal eu entrei
no carro, estava bastante escuro - nenhuma luz se acendeu quando eu abri a
porta.
-Coloca o
cinto de segurança - ordenou-me ele
-Estas zangado
comigo? - perguntei-lhe, espantada com a forma como a minha voz estava
enrouquecida
-Nao. - disse
ele secamente, nas com um tom de voz que transmitia fúria
Fiquei calada,
enquanto percorríamos km e km. Pelo que parecia, ja nao estávamos na cidade.
-Adriana? -
interrogou-me ele, com a sua voz tensa e controlada
-Sim? -
respondi-lhe, mas com a voz ainda um pouco rouca
-Estas bem?
-Sim, estou. -
respondi-lhe
-Distrai-me,
pff - ordenou ele
-Hm, amanha
vou atropelar o Tyler.
-Porquê? -
perguntou-me ele, perplexo
-Porque anda a
dizer a toda a gente da escola que me vai acompanhar ao baile. - disse eu
-Também ouvi
falar nisso. - ele parecia um pouco mais calmo a falar
Ignorei, pois
nao queria falar muito mais nesse assunto.
-A Jéssica e a
Angela devem estar preocupadas. - murmurei
Ele ligou o
motor e em questão de segundos estávamos mesmo em frente ao restaurante 'La
Bella Itália'.
Ouvi a porta a
abrir-se e virei-me, vendo-o a sair.
-O que é que
estas a fazer? - perguntei-lhe
-Vou levar-te
a jantar.
-Jess! Angela!
- grifei para que elas me ouvissem
Elas
ouviram-me e vieram ter comigo.
-Onde
estiveste? - perguntou-me a Jéssica, com um tom de voz que transmitia um pouco
de desconfiança
-Perdi-me. E
depois acabei por me encontrar com o Rafael, por acaso.
Fiz um gesto
na direcção dele.
-Nao se
importam que vos faça companhia? - perguntou com a sua voz suave e irresistível
-Ah... claro
que nao - afirmou suavemente a Jéssica
-Hm, na
verdade, Adriana, nós ja jantamos enquanto estávamos à tua espera; desculpa -
confessou-me a Angela
-Tudo bem, eu
nao tenho fome - disse, encolhendo os ombros
-Acho que
devias comer alguma coisa - o Rafael falava com um tom de voz baixa, mas com
alguma autoridade. Ele olhou para a Jéssica de seguida - Importas-te que eu
leve a Adriana a casa esta noite? Dessa forma nao terão de esperar enquanto ela
come.
-Hm, penso que
nao haja problema... - disse a Jéssica
-Está bem! -
disse a Angela - Ate amanha, Adriana... Rafael.
De seguida, a
Angela pegou na mão da Jéssica e entraram no carro. Antes de entrar, a Jéssica
voltou-se e acenou-me. Eu retribui-lhe o aceno, à espera que elas se afastassem
antes de me virar de frente para ele.
-A serio, eu
nao tenho fome - insisti
-Faz-me a
vontade - disse ele
O restaurante
nao estava cheio, mas parecia agradável. Quem recebia os clientes era uma
melhor e eu percebi o seu olhar enquanto ela examinava o Rafael. Ela recebeu-o
de uma forma mais calorosa do que o normal.
-Tem uma mesa
para 2?
A voz dele era
sedutora, quer fosse essa a sua intenção ou nao.
-O que lhe
parece aquela mesa? - perguntou a empregada
-Perfeito
Fomos
sentar-mo-nos na mesa.
-Olá. Chamo-me
Amber e serei a sua empregada de mesa. O que deseja beber?
O Rafael olhou
para mim.
-Eu quero uma
Coca-Cola. - disse eu
-São 2
Coca-Colas. - disse ele
-Vou
busca-las.
Os olhos dele
permaneceram ficados em mim.
-O que foi? -
perguntei
-Como te
sentes?
-Estou óptima.
-Nao te sentes
tonta, enjoada, com frio...?
-Deveria
sentir-me?
-Ainda estou à
espera que entres em choque Adriana. - de seguida ele soltou um riso abafado
-Acho que isso
nao ira acontecer. Sempre fui boa a reprimir coisas desagradáveis.
-Mesmo assim,
ficarei mais descansado quando ingerires algum açúcar e comida.
Nesse momento,
a empregada voltou à nossa mesa.
-Está pronto
para pedir? - perguntou ela ao Rafael
-Adriana?
A empregada
virou-se de má vontade para mim e ri escolhi o 1º prato que estava na ementa.
-Hm... vou
quer um strogonoff de cogumelos.
-E o senhor? -
perguntou ela, votando-se de novo para o Rafael com um grande sorriso
-Eu nao vou
querer nada.
Claro que nao
queria, isso era obvio.
-Se mudar de
ideias, avise-me. - disse ela
De seguida, a
empregada foi-se embora.
-Bebe -
ordenou-me ele
-Obrigada. -
agradeci
Arrepiei-me
com a sensação de frio que derivava do refrigerante gelado.
-Tens frio?
-É so da
Coca-Cola. - expliquei-lhe, sentido outro arrepio
-Nao tens
nenhum casaco?
Antes de lhe
responder, olhei para o banco ao meu lado e reparei de que o meu casaco nao se
encontrava lá.
-Oh!
Esqueci-me dele no carro da Jéssica. - contestei
Nesse momento,
o Rafael esta a despir o seu casaco. Ele deu-me o seu casaco para vestir.
-Obrigada! -
exclamei-lhe, com os braços a deslizarem pelas mangas do seu casaco
Estava frio. O
seu casaco exalava um odor fantástico. As mangas eram demasiado compridas;
arregacei-as de modo a poder libertar as minhas mãos.
-Essa cor azul
condiz maravilhosamente com a tua cor pele. - afirmou ele, observando-o
Fiquei
surpreendida e baixei o meu olhar, envergonhada e corada como é evidente. Ele
de seguida empurrou o cesto do pão na minha direcção.
-A serio, nao
vou entrar em estado de choque Rafael. - protestei
-Mas devias;
era o que aconteceria a uma pessoa 'normal'. Mas tu nem sequer abalada pareces.
-Eu sinto-me
protegida na tua companhia.
A minha ultima
afirmação pareceu desagradar-lhe.
-Bem, parece
que isto ira ser mais difícil e complicado do que eu imaginara. - murmurou ele
para consigo mesmo
Eu fiquei
calada por uns momentos, perguntando-me quando é que seria o momento indicado
para o começar a interrogar. Em vez disso, limitei-me apenas a lançar-lhe uma
afirmação sobre a cor dos seus olhos.
-Normalmente,
estas sempre mais bem-disposto quando os teus olhos estão assim, claros.
Ele fitou-me,
estupefacto.
-O quê?
-Estas sempre
mais rabugento quando os teus olhos estão negros; nesse momento, ja sei o que
esperar. - prossegui - Alias, tenho uma teoria a esse respeito.
Os seus olhos
semicerraram-se.
-Mais teorias?
-Sim.
Eu estava a
mastigar um pedaço de pão, tentando parecer indiferente.
-Gostaria que,
desta vez, fosses um pouco mais criativa Adriana... ou contíguas a inspirar-te
em livros de banda desenhada?
-Nao, nao me
baseei num livro de banda desenhada, mas também nao a elaborei sozinha. -
confessei-lhe
Ele esperou
que eu disse-se algo, mas, nesse exacto momento, a pregada voltou com o meu
prato.
-Mudou de
ideias? - perguntou ela ao Rafael - Tem a certeza de que nao quer que lhe traga
nada?
Eu podia
imaginar o duplo significado das suas palavras.
-Nao, obrigado.
Mas convinha que trouxesse mais Coca-Cola.
-Com certeza.
Ela retirou os
copos vazios e afastou-se.
-O que estavas
a dizer?
-Digo-te no
carro. Se... - detive-me
-Ha condições?
-Tenho, de
facto, algumas questões a colocar-te, como deves calcular.
-Claro.
-Porquê estas
em Coimbra Rafael? - nesse momento ele deixou-me tocar na sua pele, fria e dura
como uma pedra - obrigada
-Segui-te ate aqui,
até Coimbra. - confessou ele - Nunca tentei manter viva uma pessoa em especial,
e é muito mais problemático do que eu alguma vez pensei, mas deve ser por essa
pessoa seres tu. As pessoas consideradas normais parecem conseguir chegar ao
fim do dia sem tantas catástrofes.
Ele deteve-se.
Perguntei-me a mim mesma se deveria ficar incomodada com o facto de ele andar a
seguir-me; mas em vez disso, fui invadida por uma estranha sensação de prazer.
-Ja te ocorreu
a ideia de que talvez tivesse chegado a minha vez naquela 1ª ocasião, com a
carrinha, e tu tens estado a interferir com o destino?
-Nao foi essa
a 1ª vez Adriana. - disse ele - A tua vez chegou quando te conheci. Lembras-te?
- perguntou-me ele, com o seu semblante solene de anjo
-Sim,
lembro-me. - eu estava calma
-E, no
entanto, aqui estas tu sentada.
-Sim, aqui
estou eu sentada... por tua causa - detive-me - Porque, de alguma forma, tu
sabias como me encontrar hoje... - incentivei-o a explicar
-Okay, tu
comes e eu falo. - negociou ele comigo
Eu peguei
noutra garfada com strogonoff de cogumelos e levei-a à boca, mastigando com
pressa.
-É mais
difícil do que o normal, localizar-te. Normalmente, consigo encontrar uma
pessoa com muita facilidade quando ja auscultei a sua mente antes. Andei a
vigiar a Jessica e, a principio, nao reparei que tinhas partido sozinha. Entao,
quando me apercebi de que ja nao estavas com elas, decidi ir à tua procura à
livraria que vi na cabeça dela. Percebi que nao tinhas entrado na livraria e
que te deslocavas para Sul, logo sabia que irias voltar para trás em breve.
Assim, estaria à tua espera. Eu nao tinha motivos para estar preocupado... mas
estava estranhamente ansioso...
Ele parecia
estar perdido nos seus pensamentos.
-O Sol está
finalmente a pôr-se e eu estava prestes a sair do carro e a seguir-te a pé.
Entao... - ele parou. Esforçando-se por se acalmar.
-Entao o quê?
- sussurrei
-Ouvi o que
eles estavam a pensar. Vi a tua cara na mente dele. Foi muito... difícil para
mim... nao imaginas o quanto... simplesmente levar-te dali e mante-los...
vivos. - a sua voz era abafada pelo seu braço - Eu podia ter-te deixado ir com
a Jéssica e com a Angela, mas eu receava que, se me deixasses sozinho, eu fosse
atras deles. - confessou ele num sussurro - Estas pronta para ir para casa? -
perguntou-me ele
-Estou pronta
para me ir embora. - reformulei
A empregada de
mesa apareceu como se tivesse sido chamada ou como se nos estivesse a observar.
-Está tudo
bem? - perguntou ela
-Ja pode
trazer-nos a conta, obrigado.
A voz dele
estava serena, mais ríspida, reflectindo ainda a tensão da nossa conversa.
Parece ter perturbado o espirito da empregada. Ele levantou o olhar, esperando.
-C... com
certeza. - tartamudeou ela - Aqui tem.
Ele pôs a nota
em cima da mesa.
-Nao é
necessário dar-me o troco.
-Tenha uma boa
noite.
Ele nao
desviou o olhar de mim enquanto eu agradecia.
Quando
entrámos no carro estava frio, ele ligou o motor e pôs o aquecimento ao máximo.
A temperatura baixou significativamente e eu calculei que o bom tempo tinha
chegado ai fim. Porém, o seu casaco mantinha-me quente.
O Rafael saiu
do parque de estacionamento, avançando por entre o trafego, aparentemente sem
um olhar, virando de repente para trás para seguir em direcção à auto-estrada.
-Agora... -
disse-me ele de uma forma sugestiva - é a tua vez de fazer perguntas.
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
6º capítulo
Passados uns
momentos de lá termos chegado, penso que o Mike se quis exibir um pouco.
-Ja alguma vez
viste uma fogueira de madeira flutuante? - perguntou-me ele
-Nao - disse
eu, enquanto ele encostava o ramo em chamas ao cone formado pela madeira
-Entao vais
gostar disto; observa bem as cores.
Ele ateou
outro pequeno ramo e colocou-o ao pé do 1º.
As chamas
começaram a consumir a madeira seca rapidamente.
-Está azul -
exclamei, espantada
-É o efeito
provocado pelo sal. É bonito nao é?
Na Costa da
Caparica havia uma reserva. Foi entao que 3 adolescentes da reserva se juntaram
a nós, incluindo um rapaz chamado Bruno Carvalho e o mais velho que
desempenhava o papel de porta-voz.
-Olá. És a
Adriana Martins certo?
-Sim - disse,
suspirando mas nao me admirando por ele saber o meu nome devido a ser a filha
do Chefe Policia
-Eu sou o
Bruno Carvalho.
-Eu
supostamente devia lembrar-me de ti certo? - perguntei-lhe devido a nao me
recordar dele
-Nao, eu sou o
membro mais novo da família. Deves é da minha irmã mais velha.
-A Inês -
relembrei-me de repente dela - Ela está aqui?
-Nao - disse o
Bruno - Ela está fora a fazer um curso.
-Porquê que os
Fernandes nao vêm à vossa reserva? - perguntei ao Bruno
-Referes-te à
família do Dr. Bruno Fernandes? - respondeu um rapaz alto, mais velho.
-Sim, tu
conheces-os?
-Os Fernandes
nao vêm aqui - afirmou ele, num tom de voz que encerrava o assunto
Ele disse que
os Fernandes nao iam, mas o seu tom de voz insinuou algo mais - que a sua
presença nao era permitida.
-Queres ir
caminhar pela praia? - perguntei ao Bruno, tentando mudar de assunto e ele
aceitou
Começamos a
caminhar pela praia.
-Entao Bruno,
que idade tens? 17 anos? - perguntei-lhe
-Acabei se
fazer 16. - respondeu, sentindo-se lisonjeado
-A serio? Eu
diria que eras mais velho.
-Sou alto para
a idade que tenho - explicou-me
-Ja agora,
quem era aquele rapaz alto? Parecia-me um pouco velho demais para andar
convosco.
-É o Pedro,
tem 18 anos - informou-me ele
-O que é que
ele estava a dizer em relação à família do medico? - perguntei-lhe,
inocentemente
-Os Fernandes?
Ah, eles nao podem entra na reserva.
-Porque nao?
-Desculpa, mas
nao posso dizer nada a esse respeito.
-Eu prometo
que nao conto a ninguém.
-Gostas de
historias assustadoras? - pergubtou-me
-'Adoro'-as -
exclamei, com entusiasmo
-Conheces
alguma das nossas historias antigas, a respeito das nossas origens?
-Nao -
confessei
-Existe a
história acerca dos 'frios'.
-Dos frios? -
perguntei, estando agora intrigada
-Sim, de
acordo com a lenda o meu bisavô conhecia alguns deles. Foi ele que firmou o
tratado que os mantinha longe das nossas terras.
-O teu bisavô?
-Sim, ele era
ancião da tribo tal como o meu pai. Os frios são os inimigos naturais dos
lobos. Nao propriamente do lobo, mas sim dos lobos que se transformam em
homens, como os nossos antepassados. Pode-se chamar de lobisomens.
-Os lobisomens
têm inimigos?
-Apenas 1. Os
frios são, por tradição, nossos inimigos, mas os que chegaram ao nosso
território no tempo do meu bisavô eram diferentes. Nao caçavam como os outros
da sua espécie faziam - logo nao deviam constituir uma ameaça para a tribo.
Dessa forma, o meu avô decretou uma trégua com eles.
-Entao porquê
que...?
-Existe sempre
um perigo para os humanos estarem perto dos frios, mesmo que sejam civilizados
como este clã era.
-O que queres
dizer com "civilizados"?
-Eles alegavam
nao caçar humanos, caçavam animais como alternativa.
-Como é que
isso encaixa nos Fernandes? Eles são como os frios que o teu bisavô conheceu?
-Nao, são os
mesmos. - disse ele - No tempo dele conheceram o líder, o Bruno.
-E o que são
eles. O que são os frios? - perguntei por fim
-Bebedores de
sangue, a tua gente chama-lhes de vampiros.
Nao sabia, ao
certo, o que o meu rosto expressava.
-Estas com
pele de galinha. - riu-se
-Es um bom
contador se historias. - elogiei-o - Nao te preocupes, eu nao te denuncio
-Suponho que
apenas violei o tratado - riu-se - Mas agora a serio, nao comentes nada com o
teu pai. Ele ficou bastante chateado ao saber que alguns de nós ja nao iam ao
hospital porque o Dr. Fernandes trabalha lá.
-Nao direi
nada. - afirmei
-Aí estas tu,
Adriana. - exclamou o Mike
-É o teu
namorado? - perguntou-me o Bruno ao ter reparado o laivo de ciúme no tom de voz
do Mike
-Nao, de modo
nenhum - suspirei
Despedi-me do
Bruno e fui ter com o Mike.
-Onde tens
estado? - perguntou-me o Mike
-O Bruno
esteve-me a contar umas historias interessantes.
-Foi bom
ver-te 'novamente' - disse-me o Bruno
-Sim, foi
mesmo - disse-lhe - e obrigada. - acrescentei com um ar serio
Depois deste
dia, fomos arrumar as coisas para voltar-mos a Lisboa.
Estava ansiosa
para que 2ª feira chegasse, pois queria falar muito com o Rafael e descobrir,
por fim, toda a verdade.
domingo, 10 de agosto de 2014
5º capítulo
Encaminhei-me
para a aula de Inglês num estado de estupefacção. Nem tinha reparado que a aula
ja tinha começado.
-Obrigado por
se juntar a nós menina Martins - disse o professor Miguel
Eu fui logo de
imediato para o meu lugar, corada.
O resto da
manha passou sem que nada ficasse memorizado na minha memória. Eu nao conseguia
acreditar naquilo que o Rafael tinha-me dito nesta manha e o seu olhar. Pensei
que tivesse sido um sonho extremamente convincente que eu confundi com a
realidade.
Dessa forma,
estava completamente impaciente e assustada quando eu e a Jessica entramos na
cantina. Eu desejava ver a sua cara para me certificar se tinha voltado a ser a
mesma pessoa fria e indiferente que eu tinha conhecido nas semanas anteriores.
Fui invadida
pela desilusão quando os meus olhos focaram a mesa dele e so viram os seus 4
irmãos. Será que teria ido para casa? Foi a única coisa em que pensei, enquanto
me encaminhava para a mesa.
-O Rafael
Fernandes está a olhar-te de novo - afirmou a Jéssica, afastando-me da minha
abstracção ao ter pronunciado o nome dele - Porquê que será que ele hoje está
sentado numa mesa sozinho.
Levantei de
imediato a cabeça. Assim que os nossos olhares se cruzaram, ele levantou uma
mão e fez um gesto com o seu dedo indicador para que fosse fazer-lhe companhia.
-Está a
dirigir-se a 'ti'? - perguntou-me - Jéssica
-Hm, talvez
preciso de ajuda nos trabalhos de casa de Biologia. É melhor ir ver o que é que
ele quer.
Quando cheguei
à sua mesa, mantive-me de pé.
-Porque nao te
sentas hoje à minha mesa? - perguntou-me, sorrindo
Eu sentei-me
logo de imediato.
Parecia
impossível alguém tão perfeito existir.
-Esta situação
é fora do vulgar - consegui afirmar finalmente
-Decidi que,
ja que vou para o inferno, mais vale fazê-lo de uma forma consumada.
Esperei que
ele dissesse algo que tivesse sentido.
Ele voltou a
sorrir passados uns momentos.
-Parece que os
teus amigos estão zangados comigo por te ter roubado.
-Hão-de
sobreviver.
-Mas eu posso
nao te devolver - disse ele com um sorriso perverso nos lábios
Eu acabei por
me engasgar e ele riu-se.
-Pareces
preocupada
-Apenas estou
surpreendida... A que se deve isto tudo?
-Ja te tinha
dito antes, estou farto de continuar a manter-me afastado de ti. Por isso,
desisto
Ele ainda
sorria, mas os seus olhos ocres estavam sérios.
-Desistes? -
repeti, estando bastante confusa
-Sim, desisto.
A partir de agora faço apenas o que me apetecer.
-Baralhaste-me
de novo.
O seu
espantoso sorriso constrangido ressurgiu.
-Falo sempre
de mais quando falo contigo. É um dos problemas.
-Nao te
preocupes, eu nao compreendo nada do que dizes - disse-lhe ironicamente
-Estou a
contar com isso
-Entao, somos
amigos?
-Amigos... -
disse ele, indeciso
-Ou nao?
Ele mostrou um
sorriso rasgado
-Bem, podemos
tentar, mas digo-te de que nao sou um bom amigo para ti.
-Repetes isso
demasiadas vezes.
-Porque tu nao
me estas a dar ouvidos. Se fosses esperta, evitavas-me.
-Entao...
enquanto eu nao estiver a ser esperta, tentaremos ser amigos?
-Sim,
parece-me que é mais ou menos isso.
-Em que é que
estas a pensar? - perguntou-me com curiosidade
-Estou a
tentar compreender quem tu es.
O seu maxilar
contraiu-se quando fiz a ultima afirmação.
-Estar a fazer
alguns progressos nessa empreitada? - perguntou-me com um tom de voz
espontâneo.
-Nao muitos -
confessei
Soltou um riso
abafado
-Quais são as
tuas teorias?
Eu corei nesse
momento.
-Nao me dizes?
- perguntou ele
Abanei a
cabeça.
-É demasiado
embaraçoso.
Olhamo-nos
fixamente, sem nos rimos.
Passado uns
momentos, eu decidi cortar o silencio ao ver que ele estava um pouco tenso.
-O que se
passa?
-O teu
namorado parece que está a pensar que estou a ser desagradável contigo. Está a
deliberar-se se ha-de ou nao vir interromper a nossa discussão - esclareceu ele
-Nao sei a
quem te referes, mas provavelmente deves estar enganado
-Nao estou. Ja
te disse, maior parte das pessoas são transparentes.
-Excepto eu...
-Sim, excepto
tu.
-Nao tens
fome? - perguntou-me ele
-Nao. E tu? -
decidi perguntar-lhe
-Nao, também
nao tenho fome."
-Rafael, posso
pedir-te um favor? - perguntei após um instante de hesitação
Ele ficou um
pouco desconfiado.
-Depende
daquilo que pretendes.
-É so que...
pensei apenas... se poderias avisar-me antecipadamente da próxima vez em que
resolveres voltar a ignorar-me para o meu próprio bem pff? Apenas para que eu
própria me sinta preparada.
-Parece-me ser
justo.
-Obrigada.
-Podes, entao,
dar-me uma resposta em troca? - interrogou-me ele
-Okay, apenas
uma.
-Releva-me
'uma' teoria.
-Nao, isso
nao.
-Apenas uma,
eu prometo que nao me riu.
-Ris sim.
Eu estava
certa quanto a esse facto.
Ele baixou o
olhar e depois voltou a olhar na minha direcção.
-Por favor? -
disse ele, inclinando-se na minha direcção
-Hã, o quê? -
perguntei, um pouco confusa
-Por favor,
revela-me uma teoria.
-Hm, bem,
foste mordido por uma aranha radioactiva?
Fiquei
envergonhada quando comecei a falar.
-Essa teoria
nao é lá muito criativa - disse ele
-Lamento, mas
é a única que tenho.
-Nao estas nem
perto da verdade, o que na verdade me deixa satisfeito. - afirmou ele num tom
se provocação
-Nao ha
aranhas?
-Nao.
-Nao ha
radioactividade?
-Nenhuma.
-Raios! -
exclamei - Eu hei-de acabar por descobrir.
-Quem me dera
que nao o tentasses fazer.
-Porquê?
-E se eu nao
for o herói e sim o vilão?
-És perigoso?
- arrisquei-me a adivinhar, com a minha pulsação a acelerar quando reparei nas
minhas próprias palavras - mas nao es mau. Nao, nao acredito que sejas mau.
-Estas
enganada.
Quando reparei
que a cantina estava quase vazia, levantei-me de um salto.
-Vamos chegar
atrasados.
-Hoje nao irei
à aula.
-Porque nao
Rafael?
-Sabes, é
saudável faltar-mos às aulas de vez em quando.
-Bem, eu vou.
- informei-o
-Entao
vemo-nos logo.
Quando cheguei
à sala, o professor Jorge ainda nao estava lá.
Pelo material
que vi na sala de aula, a aula seria para tirar-mos sangue.
O professor
Jorge chegou à sala minutos depois de mim.
-A Cruz
Vermelha ira promover uma recolha de sangue em Lisboa no próximo fim de semana
e julguei que todos deveriam tomar conhecimento do seu respectivo sangue
sanguíneo.
Passado algum
tempo, os meus colegas começaram a retirar o seu proprio sangue. Eu comecei-me
a sentir mal, nao por me irem retirar o meu sangue (ainda nao tinha chegado a
minha vez) mas sim por ter cheirado o cheiro a sangue.
-Adriana,
estas bem? - perguntou-me o professor Jorge
-Stor, eu ja
sei qual é o meu grupo sanguíneo. - disse eu, sem energia
-Sentes-te
desfalecer?
-Sinto, stor.
– murmurei
-Alguém pode
levar a Adriana à enfermaria? - perguntou o professor à turma
Sabia que o
Mike estava desejoso de poder fazê-lo.
-Consegues
andar? - perguntou o professor
-Sim, consigo.
Fui entao, com
o Mike, ate à enfermeria. Mas antes de lá chegar pedi-lhe se nos poderíamos
sentar num banco.
-Deixas-me
sentar aqui so um bocadinho, por favor?
Ele ajudou-me.
-E mantém sem
a mão no bolso. - avisei-o
-Adriana? -
ouvi uma voz de longe. Eu tinha desmaiado
-O que se
passa? Ela magoou-se?
-Acho que ela
desmaiou. E nem sequer picou o dedo.
-Ei, consegues
ouvir-me Adriana?
-Nao, vai-te
embora.
O Rafael
soltou um sorriso abafado.
-Eu levo-a ate
à enfermaria - informou o Rafael ao Mike - Podes voltar para a aula.
-Nao, sou eu
quem deve fazê-lo - protestou o Mike
O Rafael
ignorou-o e continuou a andar comigo ao colo ate à enfermaria.
-Com que entao
desmaia ao ver sangue? - perguntou-me o Rafael
Eu nao
respondi.
-E nem era o
teu próprio sangue. - continuou
Quando
chegamos à enfermaria a menina Alves estava lá.
-Ela desmaiou
na aula de Biologia. - disse o Rafael - Ela está apenas um pouco fraca. Estão a
retirar sangue lá na aula.
A enfermaria
acenou com a cabeça.
-Deita-te aqui
um pouco amor; isto ja passa.
-Eu sei -
disse eu, suspirando
As náuseas
foram desaparecendo.
Graças à ajuda
do Rafael, consegui também escapar à aula de E.F.
Permitiram que
eu fosse para casa.
-Aonde é que
pensas que vais? - perguntou-me o Rafael
-Vou para
casa.
-Nao estas em
condições de conduzir sozinha. Eu levo-te.
Entrou no meu
carro no lugar de condutor. Eu entrei logo a seguir.
Quando
chegamos a minha casa, permanecemos os dois dentro do meu carro. Eu atrevi-me a
fazer-lhe a ansiosa pergunta que tinha por lhe fazer.
-Os Fernandes
adoptaram-te?
-Sim,
adoptaram.
Por momentos,
hesitei.
-O que
aconteceu com os teus pais?
-Morreram ha
alguns anos.
-Lamento. -
disse
-Mas, na
verdade, nao me recordo muito bem deles. O Bruno e a Catarina ja são os meus
pais ha muito tempo.
-E tu ama-los.
Nao era uma
pergunta, era, de facto, uma afirmação.
-E os teus
irmãos?
-Bem, os meus
irmãos, por exemplo, o Andre e a Rita vão ficar bastante chateados ao
constatarem que o meu carro está na escola e eu nao.
-Desculpa -
lamentei - é melhor ires.
-Sim, vemo-nos
2ª feira.
-Amanha nao
vais à escola?
-Nao, eu e o
Bernardo vamos acampar mais cedo.
Relembro-me do
meu pai ter dito que eles acampavam frequentemente.
-Mas, Adriana,
promete-me de que te manténs a salvo enquanto estiver fora.
-Claro que
sim. Entao, ate 2ª feira.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
4º capítulo
No meu sonho
estava bastante escuro e a luz que existia parecia irradiar a pele do Rafael.
Eu nao conseguia ver a cara dele, apenas as costas que se iam afastando de mim,
deixando-me sozinha. Por mais depressa que eu corresse nunca o conseguia
alcançar; por mais alto que eu o chamasse, ele nunca se virava para mim.
Acordei
totalmente agitada a meio da noite e nao consegui voltar a dormir. A partir
dessa noite, ele esteve SEMPRE presente em todos os meus sonhos.
O mês a seguir
ao acidente foi intranquilo, tenso e vergonhoso, no inicio.
Para minha
grande sorte, fui o centro das atenções durante o resto da semana.
O Tyler estava
insuportável, seguindo-me para todo o lado e pedindo-me desculpa pelo sucedido.
Ninguém
parecia estar preocupado com o Rafael, embora eu ja tivesse explicado inúmeras
vezes que ele tinha sido o herói - afastando-me da trajectória da carrinho e
que também quase foi esmagado.
Jéssica, Mike,
Eric e os outros sempre diziam que nao o tinham visto ate a carrinha ser
removida.
Perguntei-me a
mim mesma o porquê de ninguém o ter visto a uma longa distancia de mim e de
repente estar mesmo a meu lado. De repente apercebi-me de uma causa possível -
ninguém estava tão atento ao Rafael como eu estava.
O Rafael nunca
esteve rodeado por multidões de curiosas pessoas. As pessoas evitavam-no. Como
sempre, os Fernandes e os Costa sentaram-se na mesma mesa, sem comerem, apenas
dialogando entre si. Nenhum deles, mas sobretudo o Rafael, voltou a olhar na
minha direcção.
Quando se
sentou ao meu lado na aula, parecia-me totalmente alheio à minha presença,
estando afastado mais possível de mim.
Eu nao chegava
a outra conclusão a nao der que ele gostaria de nao me ter afastado da
trajectória da carrinha do Tyler.
Ele ja se
encontrava sentado no seu devido lugar quando eu cheguei à aula de Biologia.
-Olá, Rafael.
- disse de uma forma amável tentando mostrar-lhe que me iria comportar
devidamente.
Ele virou um
pouco a cabeça sem olhar para mim, acenou com a cabeça, e logo de seguida olhou
no sentido oposto.
Este foi
apenas o único e ultimo contacto que tivemos. Às vezes olhava para ele, nao
conseguindo evitar - quer fosse na cantina ou no parque de estacionamento.
Os meus sonhos
continuavam.
O Mike, pelo
menos, pareci o único satisfeito com a relação de frieza que existia entre mim
e o meu parceiro de laboratório.
A neve
desapareceu após aquele único e perigoso dia. Mas a chuva continuava a cair
copiosamente e as emanas foram passando.
A Jéssica
informou-me acerca do baile de Primavera, que iria decorrer dentre de 2
semanas, onde são as raparigas que escolhem o seu par e ela estava a pensar em
convidar o Mike.
-Tens a
certeza de que nao te importas? Nao o tencionavas convidar? - insistiu ela.
-Nao, Jess, eu
nao vou - assegurei-lhe.
-Vai ser
incrivelmente divertido.
-Diverte-te
com o Mike - tentei incentiva-la.
O Mike estava
invulgarmente calado hoje e continuou calado ao acompanhar-me ate à aula.
-Pois - disse
o Mike, sempre olhando para o chão - a Jéssica convidou-me para o baile.
-Isso é óptimo
e vais divertir-te com ela - fiz o máximo que pude para a minha voz parecer
animada
-Bem, eu
disse-lhe que teria de reflectir no assunto. Porque estava a perguntar-me se...
estarias a pensar convidar-me.
-Sinceramente
devias aceitar o convite dela.
-Ja convidaste
outra pessoa? - perguntou
-Nao, eu nao
vou ao baile.
-Porque nao? -
insistiu ele
-Vou fazer uma
viagem e vou a Seattle este sábado. - expliquei, fazendo novos planos.
-Nao poderias
ir noutro fim de semana?
-Nao -
respondi - Portanto nao deves fazer a Jess esperar mais, isso seria uma falta
de educação e de respeito.
-Sim, tens
razão. - disse ele e voltou para o seu lugar.
Quando o
professor Jorge começou a falar suspirei e abri os meus olhos.
Fiquei
totalmente surpreendida ao ver que o Rafael estava a observar-me com uma
expressão curiosa estampada no seu rosto.
Retribui-lhe o
olhar, bastante surpreendida, à espera que ele desvia-se o seu olhar. Mas nao
fez, pelo contrario, continuou a fixar os seus olhos nos meus com uma certa
intensidade. As minhas mais começaram a tremer.
-Sr.
Fernandes? - chamou o professor pretendendo ter a resposta a uma pergunta cujo
eu nao ouvi.
-Ciclo de
Krebs. - respondeu o Rafael.
No fim da
aula, quando a campainha tocou finalmente, virei-me de costas para ele para
recolher os meus livros e esperando que ele saísse logo, como ja era de
habitual.
-Adriana?
Reconheci a
voz familiarizada e voltei-me lentamente, de má vontade. Quando finalmente me
voltei ele nada disse.
-O que é que
foi? Ja voltaste a falar comigo foi? - perguntei com uma certa frieza
Os seus lábios
contorceram-se, contendo um sorriso.
-Nao, nem por
isso - confessou.
-Entao o que é
que queres Rafael? - perguntei, mantendo os olhos fechados.
-Desculpa. Eu
sei que estou a ser muito indelicado mas o melhor é ser assim, a serio.
Quando abri os
meus olhos, o seu rosto estava extremamente serio.
-Nao sei a que
te referes - afirmei.
-É melhor nao
sermos amigos, confia em mim. - explicou-me
Fechei os meus
olhos. Ja tinha ouvido aquelas mesmas palavras antes.
-É pena que
nao tenhas percebido isso antes Rafael - disse com uma certa ponta de raiva -
Terias evitado e poupado todo esse arrependimento.
-Arrependimento?
O meu tom de
voz apanhou-o totalmente desprevenido.
-Arrependimento
em relação ao quê Adriana?
-Ao facto de
nao teres simplesmente deixado que a porra da carrinho me tivesse esmagado e
matado.
Ele estava
agora a olhar-me com incredulidade.
-Achas mesmo
que me arrependo de te ter salvo a vida?
-Eu sei que te arrependas de o ter feito -
disse com bastante frieza.
-Tu nao sabes
nada.
Ele estava,
agora sem divida, enfurecido.
Virei-lhe a
cara bruscamente, cerrando os meus maxilares para travar todas as desenfreadas
acusações que desejava dizer-lhe. Recolhi os meus livros e, logo de seguida,
levantei-me da cadeira e dirigi-me para a porta de saída. Tive uma imensa
vontade de realizar uma saúda dramática da sala de aula, mas, para meu azar,
fiquei com a biqueira da minha bota presa na ombreira da porta e os meus livros
caíram. Pensei em deixa-los ali mas depois suspirei e curvei-me para os
apanhar. Mas ele ja estava ali; ja os tinha na sua mão. Entao entregou-mos, com
una expressão dura estampada no seu rosto.
-Obrigada -
disse-lhe, agradecendo o gesto.
Ele semicerrou
is seus olhos.
-Nao tens de
quê. - retorquiu ele.
Endireitei-me
agilmente e fui para o ginásio sem olhar para trás.
A aula de E.F.
foi brutal, pois começamos a praticar Basquetebol. A minha equipa nunca me
passava a bola, o que era fantástico. Nessa aula o meu desempenho estava pior
devido à minha cabeça estar povoado com o Rafael.
Quando a aula
terminou foi um alivio para mim.
Quando ja
estava dentro do meu carro reparei no Eric a acenar-me, com a intenção de me
chamar.
-Olá Eric! -
exclamei
-Olá Adriana
-O que é que
se passa? - perguntei-lhe
-Estava so
aqui a pensar... se irias ao baile comigo.
-Achava que
eram as raparigas que escolhiam o par
-Bem, e são -
reconheceu, um pouco envergonhado
-Bem, obrigada
por me convidares Eric. Mas farei uma viagem de avião ate Seattle nesse dia.
-Ah, talvez
fique para a próxima.
-Claro - disse
eu, nao tendo a intenção de ele levar as minhas palavras demasiado à letra
O Rafael ja se
encontrava a 2 carros de distancia de mim. Recuou com o seu Volvo e parou ali -
para esperar pela sua família.
Enquanto
permaneci ali sentada, reparei no Tyler. Abri o vidro, mas este estava perro,
consegui apenas abri-lo ate a meio.
-Desculpa
Tyler, estou encurralada pelos Fernandes.
Estava,
sinceramente, aborrecida.
-Eu sei; queria
apenas pedir-te algo. -esperou por um momento - Convidas-me para o baile?
-Estarei fora
do país.
-Pois, o Mike
ja tinha falado nisso - confessou
-Entao para
quê que... ?
-Estava apenas
com esperança que estivesses a rejeitar o convite do Mike de uma forma
simpática.
-Desculpa
Tyler, mas estarei mesmo fora do país.
-Nao faz mal.
Ainda ha o baile de finalistas. - afirmou ele
Quando cheguei
a casa, decidi preparar "enchiladas" de frango para o jantar. O
telefone tocou: era a Jéssica que estava radiante; Mike tinha-a comunicado que
aceitaria o seu convite. Festejei com ela durante alguns instantes enquanto
mexia o preparado. Ela tinha que desligar, queria comunicar também à Angela e à
Lauren, sugeri também para que a Angela convidasse o Eric e a Lauren convidasse
o Tyler.
Logo que
desliguei o telefone, concentrei-me no jantar - principalmente em cortar o
frango dm cubos pois nao queria arriscar-me a uma ida às urgências. A minha
cabeça dava voltas ao tentar analisar cada palavra do Rafael que tinha dito hoje.
O que queria dizer ele quando disse que era melhor nao sermos amigos?
O meu estômago
contorceu-se ao pensar numa resposta: talvez ele tenha dito que nao possamos
ser amigos porque ele nao estava minimamente interessado em mim.
Era obvio que
ele nao estava interessado em mim - os meus olhos começaram a arder decidi à
reacção retardada das cebolas. Eu nao era interessante.
E ele era: Interessante, brilhante, misterioso, perfeito, lindo e,
possivelmente, capaz de levantar automóveis em peso apenas com uma mão.
Bem, eu iria
deixa-lo em paz. Eu iria deixa-lo em
paz. Concentrei-nos nos meus pensamentos em terminar as "enchiladas"
e coloca-las no forno.
O meu pai
chegou a casa e sentiu logo o cheiro da comida. Servi a comida na mesa e
sentei-me a comer.
-Pai? -
interrompi-o quando ele ja estava quase a terminar a refeição?
-Sim, Adriana?
-Hm, queria
apenas informar-te de que vou fazer uma viagem a Coimbra deste sábado a 1
semana... se nao houver problema claro.
Nao queria
parecer estar a pedir-lhe autorização.
-Porquê?
-Bem, eu gosto
de ler livros ingleses e aqui os recursos da biblioteca são bastante limitados,
e podia também comprar algumas roupas.
-Vais sozinha?
- perguntou-me ele
-Vou
-Coimbra é uma
cidade bastante grande, poderás perder-te. Queres que vá contigo?
-Nao é
necessário pai. Provavelmente limitar-me-ei a passar todo dia em gabinetes de
prova.
-Oh, está bem
-Obrigada pai!
- exclamei, sorrindo.
-Estas de
volta a tempo do baile?
-Eu nao vou ao
baile
-Tens razão -
percebeu logo de imediato.
No dia seguinte,
quando cheguei ao parque de estacionamento estacionei o mais longe possível do
Volvo prateado. Quando saí do meu carro, atrapalhei-me ao pegar na chave e esta
caiu. Quando fui apanha-la, uma mão branca agarrou-a antes de que eu o pudesse
ter feito. Era o Rafael Fernandes que estava ao meu lado, completamente
descontraído ao meu lado.
-Como é que fizeste isto? - perguntei-lhe irritada
-Como fiz o
quê?
Ele erguia a
minha chave no ar enquanto falava, quando a tentei alcançar ele deixou-a cair
na palma da minha mão.
-Aparecer
vindo do nada.
-Adriana, eu
nao tenho a culpa de que tu tenhas uma excepcional falta de observação.
A sua voz
estava mais serena do que o normal.
Lancei-lhe um
amor mal-humorado. Os seus olhos estavam claros, de uma cor mel dourado.
-Qual é que
foi o motivo do engarrafamento da noite passada? Pensei que andavas a fingir
que eu nao existo e nao a matar-me de irritação.
-Foi pelo bem
do Tyler, tinha que lhe dar uma oportunidade.
-Seu! -
exclamei bastante irritada.
-E se queres
saber, nao ando a fingir que nao existes - prosseguiu
-Entao, andas
mesmo a matar-me de irritação ja que a carrinha do Tyler nao se encarregou
disso? - perguntei-lhe com raiva. Ele cerrou os lábios.
-Adriana, es
completamente absurda. - afirmou ele com frieza
Eu nesse
momento virei-lhe as costas e comecei a andar.
-Espera! -
exclamou ele
Continuei a
andar, ignorando-o.
-Desculpa, foi
indelicado da minha parte - disse ele enquanto andávamos
-Porquê que
nao me deixas em paz? - resmunguei
-Queria
perguntar-te uma coisa.
-Que coisa?
-Estava a
pensar se, deste sábado a uma semana, tu sabes, é o baile da Primavera...
-Estas a
tentar armar-te em engraçadinho?
-Importaste de
me deixar terminar?
Esperei.
-Ouvi-te dizer
que ias a Seattle, e queria saber se querias companhia.
Nao estava à
espera.
-Ahn?
-Queres
companhia para Seattle?
-De quem? -
perguntei-lhe, baralhada
-De mim,
obviamente.
-Porquê? - eu
estava ainda aturdida.
-Bem, eu
tencionava ir a Seattle durante estas próximas semanas.
Decidi
finalmente falar.
-Francamente,
Rafael - senti um frémito quando proferi o seu nome e detestei tal sensação -,
nao consigo acompanhar-te e pensei que nao querias ser meu amigo.
-Eu disse que
era melhor nao sermos e nao que nao queria que fossemos.
-Oh, obrigada,
agora está tudo esclarecido.
Foi profundo
sarcasmo. Apercebi-me de que tínhamos parado de andar novamente. Estávamos
agira protegidos debaixo do tecto da cantina. Podendo eu, finalmente, olhar com
mais facilidade para a cara dele, o que nao era favorável à minha clareza de
raciocínio.
"-Seria
mais... prudente que tu nao fosses
minha amiga. - explicou-me ele - Mas sinceramente ja estou farto de continuar a
manter-me afastado de ti, Adriana.
O seu olhar
tornou-se intenção ao pronunciar a ultima frase. Nesse momento, admito-o, de
que nao me lembrava como respirava.
-Vamos juntos
para Coimbra? - perguntou-me, ainda com mais intensidade.
Eu ainda nao
conseguia falar, devido às suas palavras eu estava paralisada, pelo que me
limitei apenas a acenar com a minha cabeça.
Ele sorriu-me
ao ver-me assim por breves instantes e, logo de seguida, a sua cara ficou
seria.
-Devias
manter-te afastada de mim Adriana - disse-me ele - Vemo-nos na aula.
Ele virou-se e
voltou para trás pelo mesmo caminho que tínhamos andado.
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